Doméstico sem (outros) animais – de memória.

Introduzi a chave com lentidão e rodei o cilindro de maneira precisa, ao mesmo tempo que puxava a maçaneta tentando encontrar a posição aonde a fricção entre a lingueta e a contra-testa era a menor. Uma vez completo este movimento, empurrei os primeiros centimetros de porta de maneira a evitar que a corrente de ar me pudesse denunciar para em seguida movê-la rapidamente a fim de diminuir o tempo de exposição dos teus ouvidos aos barulhos produzidos pelos diversos engenhos motorizados, rua a cima rua a baixo. Encostei-a com suavidade, sem deixar bater o trinco e acabei por largar delicadamente a alavanca interior, boca aberta, sem bafejar. A chave tinha-a deixado pendurada, e os sapatos sobre o tapete. Avancei fazendo talvez marcas de transpiração sobre a madeira, mas sem me deixar traír duma outra maneira. Entrei na sala negrume. Aproximei-me de ti, depois da tua respiração… Hesitei pelo prazer de te contemplar e beijei-te uma palpebra quase sem a tocar.
Não foste capaz de continuar a fingir e riste à gargalhada.

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