Deus e o Homem

Dactilografia sem luz em folhas vazias

Arranjo cuidado de alguns termos transmontanos sem pronúncia, outros transpirados da Caotinha, outros ainda desenhados segundo costumes linguísticos duma região remota, alpina. Todos pretendem evocar doutrinas comunistas que nunca foram escritas, nem a sul, nem a leste; proclamar uma cidadania que nunca existirá para além da Landsgemeinde em vias de extinção, apesar do aumento da utilização inútil da mão no ar (polegar no face). Itálicos no português do Brasil, outro português com erros que, pela unica qualidade que possui – a sonoridade – merecia que lhe chamassem brasileiro. Chinezices e zês bicudos em vez de esses, esses mais suaves. Acentos, desnecessários para alguns, e consoantes mudas que não existiram nem mesmo antes do acordo. Parêntesis como forma não recomendável porque alatinada, pondo en evidência o que não devia ter sido ortografado. Três sentidos na mesma linha; pontos sem parágrafos. Enfim, inteligência sem ponctuação em sentimentos sem interlinhas; querer sem crer, gozando de toda a satisfação do acreditar; vontade impotente sempre inscrita, mas com letras pequenas, em baixo de cada página, à esquerda ou à direita, consoante par, ou não.

Assinatura eléctrónica, falta de rede.

Rir

(…)

Por outro lado, se começarmos todos a rir de tudo, e não houver quem se sinta ofendido, corremos o risco de entrar numa espécie de monotonia à qual se seguirá uma tremenda solidão….

Não! O melhor para todos é que haja sempre quem se sinta pelo menos descomposto; assim poderemos continuar a rir.

Cromos

Formatados pequenos e coloridos, em pacotes repartidos, numerados , vendidos e comprados, estimados – entre as folhas dum livro denso e erudito – ou dobrados para virar, virados, endireitados, ordenados e colados; santinhos, jogadores, flores duma mesma natureza em matéria degradável, cromos somos todos nós, uns raros outros para a troca.