Prefiro o cacau e o açucar em doses perfeitas
Ao teu silêncio e tristeza sem medida.
Antes uma pedra dura, que o teu frio olhar.
Sim!
Oferece-me dois quilos de chocolate
E um diamante, se isso te puder ajudar.
Poetaço
Fotografia II
Memória matizada que perde cor ao julgar
O presente como a evidência do meu ansiar
Ser criança outra vez, pra poder rir e não pensar;
Poder ser jovem para agir desta vez, sem errar;
Continuar a ser adulto, e poder edificar;
Não chegar a velho e voltar a só poder aceitar.
O mágico (II)
O que eu gostava, era que um dia
Viesse um mágico de capa
Que fosse muito ternurento
E robusto, bem parecido,
Opulento, e me dissesse assim:
Je t’aime je t’aime je t’aime
Je t’aime je t’aime je t’aime
Je t’aime je t’aime je t’aime…
Je t’aime.
Com fins religiosos
(Versos ainda não populares)
Nabos, Covilhetes, Rojões,
Vinhinho, Presunto, Lampreia,
Assim se ganham uns tostões
Depois de regada uma ceia.
Em Portugal, país de padres
Só os cristãos são boa gente.
Cá na Bila é o cobilhete
Que faz tudo andar para a frente.
Consumi que nem um abade
E tenho a barriguinha cheia,
Fiz tudo de boa vontade
Que o diga o povo da aldeia.
E mais não vos digo por ora
(Isto não é plágio, décima filha de Mnemósine – sómente inpiração)
Domingo
Se hoje não estivesse quem se senta na mesa um
Se a Maria Berta já tivesse parido
Se a engrenagem da indústria não resistisse
Se quem rouba não precisasse, nem quisesse
Se a sirene não me acordasse mais uma vez
Se o pai os pudesse levar à Disneylandia
Aindam, se tivessem perdido a fé em Deus
Amanhã podia ser dia de descanço.
Mas! Como todos vieram cedo comprar pão,
Como sempre… amanhã acordo e vou trabalhar.
Fotografia I
Dor por te saber assim (tanto) mulher…
A partir dum lugar que te pôde ocupar.
Pela felicidade que não quero ver.
Por ter tido a tua idade, por já não a ter,
Por ter querido todo o tempo te amar
E não ter, em tempo algum, pensado sequer.
Don Juan(ito)
Não posso fazer parar a chuva, não sou mágico.
Mas deixa-me secar-te o rosto e aquentar as tuas mãos
Com as minhas, e amornar o teu coração contra o meu.
Deixa-me ser o melhor tempo em cada dia teu.
Cromos
Formatados pequenos e coloridos, em pacotes repartidos, numerados , vendidos e comprados, estimados – entre as folhas dum livro denso e erudito – ou dobrados para virar, virados, endireitados, ordenados e colados; santinhos, jogadores, flores duma mesma natureza em matéria degradável, cromos somos todos nós, uns raros outros para a troca.
Distante e dentro de mim
(Un souvenir d’enfance)
O mais lindo dos sorrisos
O teu que se embaraça
Quando ri e me atrapalha
Também quando penso
Na cor que dá ao meu rosto
Esse sorriso teu
Benevolente e pedidor
também, dum sorriso meu
O vento
A distância nada tirou
Ao amor que o vento me trouxe
O pó as pedras a noite
O cansaço… nada o venceu
Qual sentimento ele fosse
Lhe permitindo se amoite
Na flor aonde cresceu
Tal a certeza tamanha
Lhe comandou todo o curso
Da pétala ao peito meu
Nota do autor 😉
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo e Presente do Subjuntivo, não necessáriamente capazes de exprimir o quer que seja…
Nem o qual… nem o tal… só estou certo do cansaço.